Penso no caso dos desenhos animados.
Os personagens "maus" são invariavelmente rectilíneos: altos, secos, de queixo comprido que termina em bico, dedos afiados e esguios. Enquanto que os "bons" puxam mais para o curvilíneo: olhos redondos, baixos, esvoaçantes... enfim, convidativamente portáteis. Ambas as personagens têm traços físicos característicos, standarizados, que fazem adivinhar o outro lado daquela figura.
Agora olho para as pessoas que conheço e para os respectivos fenótipos. Quase que consigo estabeblecer um padrão.
Quando as personalidades são vincadas, os objectivos estão bem definidos e tidos como máxima de vida, a luta pelo bem estar é uma constante e até padecem de uma boa dose de egoísmo, vejo traços físicos mais rectilíneos, fisionomias bem definidas com pontos completamente independentes e tipos de pele bem distintos.
Por outro lado, encontro traços arredondados, mórbidos (no sentido de moles), que se misturam uns com os outros sem perceber onde acabam e começam em seres mais perdidos na vida. Que querem algo mas não sabem bem o quê; até gostam disto e daquilo, mas falta-lhes a força para o afirmarem, estão bem com os outros, mas menos bem consigo próprios.
(Atenção que quando falo de rectas e curvas, não significa que fale de magros ou gordos. São apenas linhas que se conjugam e definem um corpo. Excluo aínda as variáveis "ginásio e alimentação".)
No meio deste pensamento, não pude evitar a análise egocêntrica.
Vi a minha fisionomia de agora e de outros tempos. Comparei-a com a minha forma de estar de hoje e a de ontem; com os momentos altos e baixos da minha vida. E realmente... mudo de fisionomia, à medida que vou definindo e limando os traços da minha personalidade e carácter. Torno-me mais rija quando sei verdadeiramente o que quero e mole quando estou perdida, por exemplo.
É um fenómeno curioso, que não consigo deixar de questionar.
Será que podemos definir uma personalidade pelo fenótipo, ou o fenótipo modifica-se e adapta-se à nossa individualidade mental? Ou aínda... será que isto é apenas fruto da minha imaginação?!
(as assuntos que me lembro enquanto espero nas filas intermináveis dos correios)