Ultimamente ando um um bocado raçada de ser acinzentado, amorfo e fétido....
Podia, muito facilmente, deixar-me estar assim mais uns tempos, até porque sabe bem atirar-me de cabeça à dor (por vezes chego ao ponto de me questionar se não serei meia masoquista; depois concluo que gosto mesmo é de emoções muito fortes)...
MAS, hoje recebi mais uma mensagem da vida; alguém que fez parte assídua da minha vida durante bastante tempo, decidiu acabar com a própria vida agora. Assim, sem ninguém sequer se aperceber disso, em jeito de surpresa, como de costume.
Pus-me a pensar: é fácil fingirmos aos outros que estamos bem. É fácil vivermos duas personalidades ao mesmo tempo, sem que ninguém se aperceba disso. É perigoso vivermos essa dupla personalidade e destruirmo-nos de dentro para fora, até que chegamos àquele ponto sem retorno.
É muito difícil estarmos bem connosco próprios e encontrarmos motivos para sorrir e continuar. É muito dificil voltar a acreditar quando nos deixamos afundar cada vez mais nas nossas fraquezas e tristezas... É muito difícil viver razoavelmente bem!
Por isso, dou dois carolos a mim mesma, levanto os cantos da boca e faço um jogo que já não fazia há muito tempo e que me punha sempre de bem comigo (não imediatamente que isso é tarefa árdua, mas com a ajuda da persistência e papeis espalhados pela casa toda, chegava lá)
"Coisas que me fazem acreditar que vale a pena continuar"
A minha irmã;
Os meus pais;
O meu doce;
Os abraços apertados dos Amigos a sério;
O silêncio do pessoal quando dá a primeira garfada na minha comida;
Os segredos que me contam;
Aquilo que mudei desde o momento em que nasci até ao dia em que comecei a ver tudo cinzento; quem muda tanto, pode sempre adaptar-se um bocadinho mais;
A quantidade de velhos e criancinhas que metem conversa comigo, assim do nada;
A pintas sentada no meio da multidão a olhar para mim;
A minha capacidade de "desenrasque";
O sonho de marcar a diferença;
O sorriso que consigo despertar em muita gente;
Uma frase que uma vez ouvi: as coisas que mais queremos, são sempre as mais difíceis de conquistar; mas se as quisermos mesmo, um dia chegaremos lá! Se desistirmos entretanto é porque não eram assim tão importantes, por isso não merecemos chorar por elas.
Estas foram (quase) duma assentada, as outras sairão à medida que me for sentido melhor.
É terapeutico e vai funcionando!
Acho que preciso/amos de não esquecer o seguinte: já que tenho a oportunidade de estar aqui neste mundo, porque não tentar aproveitá-la até ao momento em que já não me concedam mais o direito à vida?!
É mesmo muito difícil viver bem! Mas temos de procurar sempre a luz no fundo do túnel; ter a coragem para, de vez em quando, por os pés no chão e ver que a vida real é bem diferente da ficção; e ter a coragem aínda maior de pedir cólo quando precisamos dele, em vez de nos fecharmos em copas com a visão deturpada, a odiar aquilo que somos naquele momento.
amor, amor, amor